Orçamento da prefeitura em 2026 pode chegar a quase R$ 700 milhões

Valor da arrecadação previsto para o ano que vem é 4 vezes maior do que o registrado em 2018, por exemplo, um ano antes da tragédia, quando o município arrecadou pouco mais de 161 milhões de reais

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Desde o fatídico rompimento da barragem da Vale, na mina Córrego do Feijão, ocorrido em 2019, que matou 272 pessoas e deixou um rastro de destruição ambiental, o município de Brumadinho vem batendo recordes na arrecadação.

Segundo as previsões para 2026, Projeto de Lei Orçamentária Anual (LOA) nº 200/2025, a prefeitura pode arrecadar quase 700 milhões de reais, dinheiro oriundo de impostos próprios, como IPTU, ISS e ITBI, e por transferências de outros entes da federação, como o Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e o ICMS.

O valor da arrecadação da prefeitura previsto para 2026 é 4 vezes maior do que o registrado em 2018, por exemplo, um ano antes da tragédia, quando o município arrecadou pouco mais de 161 milhões de reais. Já no primeiro ano do rompimento da barragem, a arrecadação do município saltou para R$ 315,2 milhões, quase o dobro do ano anterior.

Dados do TCE/MG – Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais mostram que após a tragédia, Brumadinho viu os números da arrecadação crescendo ano após ano, chegando a marca histórica em 2023, em 1,3 bilhão de reais.

Lembrando que estes valores não incluem repasses diretos específicos do processo de reparação para obras, saúde, desenvolvimento social e meio ambiente. Somente na saúde, antes do Acordo de Reparação, estima-se que o município recebeu mais de 250 milhões de reais, além de novos equipamentos, utensílios e mobiliário para a UPA – Unidade de Pronto Atendimento, hospital municipal e as UBSs Unidades Básicas de Saúde.

No entanto, no momento em que se discute a LOA – Lei Orçamentária Anual e o PPA – Plano Plurianual – as cifras bilionárias somadas nestes últimos 7 anos chama atenção sobre a forma de aplicação dos recursos público no município, a transparência e o planejamento estratégico pós-tragédia.

Na audiência pública realizada na Câmara Municipal, na última quinta-feira, 6, o que se viu mais uma vez foi um despreparo em lidar com o orçamento, e, principalmente, com o futuro, tanto por parte da administração atual quanto também do próprio legislativo, haja vista que apenas 4 vereadores apresentaram emendas ao projeto de Lei Orçamentária. Os outros 9 vereadores não apareceram para as discussões. 

De acordo com o Observatório Social de Brumadinho, entre as análises feitas sobre à LOA/2026, uma movimentação orçamentária preocupa, uma vez que a secretaria municipal de Governo, que seria um órgão estratégico da gestão e não de execução de obras, deverá receber mais de 150 milhões de reais, desses, 115 milhões somente para saneamento. “Por que esse valor não está com a secretaria de Obras, que é a responsável por estas intervenções e execução? Essa centralização de verba em determinada pasta exige explicações e fiscalização rigorosa”, aponta.

A falta de um planejamento orçamentário pode comprometer drasticamente os anos seguintes, mesmo neste momento de uma abundância histórica da arrecadação, mas que, como todos sabem, tem prazo determinado para voltar aos patamares anteriores.

Foto: Divulgação/Prefeitura

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