
Carta Aberta: O Clamor dos Brigadistas Florestais
Nós, brigadistas florestais, escrevemos este manifesto como um desabafo, mas também como um grito de socorro, reconhecimento e justiça. Estamos na linha de frente dos incêndios florestais no Brasil. Somos os primeiros a responder, os que enfrentam o fogo de frente, muitas vezes com equipamentos precários, salários baixos e nenhuma garantia de continuidade.
Vivemos uma realidade marcada por desvalorização, invisibilidade e negligência. Atuamos dentro das Unidades de Conservação, realizamos o trabalho de prevenção, vigilância, combate e apoio à recuperação ambiental. Mesmo assim, nosso papel é sistematicamente ignorado — inclusive por reportagens e campanhas que falam sobre incêndios florestais, mas quase nunca mencionam os brigadistas.
A diferença de tratamento entre brigadistas e bombeiros é evidente: salários desiguais, falta de regulamentação profissional, ausência de direitos básicos, e uma lacuna gritante na disponibilização de EPIs e recursos adequados. Não estamos pedindo privilégios. Estamos pedindo respeito, igualdade e reconhecimento.
A indiferença dos nossos representantes políticos é assustadora. O meio ambiente raramente é tratado como prioridade. Quando entra em pauta, é apenas por pressão pública ou por tragédias já em curso. Parece que proteger a natureza e a vida não dá votos, e por isso seguimos ignorados.
Esta carta é, ao mesmo tempo, uma denúncia e um apelo:
• Que seja regulamentada a profissão de brigadista florestal.
• Que haja equiparação mínima de direitos entre brigadistas e demais forças de combate.
• Que o Estado forneça os recursos e equipamentos necessários para a nossa segurança e eficácia.
• E que a sociedade reconheça o nosso trabalho como essencial para a preservação da biodiversidade e do futuro do planeta.
Lutamos não apenas contra o fogo, mas contra a omissão e o descaso. E por isso, não nos calaremos mais.
Assinado,
Brigadistas Florestais do Brasil