
Mesmo após a tragédia da Vale, em 2019, que evidenciou de forma brutal os danos e o desrespeito ambiental, o município de Brumadinho volta ao centro das atenções por outro motivo alarmante: a continuidade da devastação de Áreas de Preservação Permanente (APPs), supostamente em nome do desenvolvimento urbano e econômico.
O dinheiro que deveria ser usado para reparar os danos ambientais, hoje financia mais destruição pelo município afora. É o que mostram imagens enviadas ao jornal Folha de Brumadinho. Moradores afirmam que a prefeitura tem autorizado ou, ao menos, permitido intervenções ilegais em áreas protegidas por lei, próximas a cursos d’água, encostas e nascentes.
Em Marques, após a devastação ambiental com cortes de árvores centenárias em áreas de APP, o entulho, terras e troncos de árvores estão sendo descartados às margens de um córrego, um dos principais afluentes do Rio Paraopeba.
Segundo ambientalistas locais, a justificativa recorrente da administração municipal é a “melhoria das estradas”. No entanto, especialistas alertam que esse tipo de intervenção não apenas fere o Código Florestal, mas também compromete a segurança da população, ao aumentar o risco de deslizamentos e assoreamento dos rios.
“É uma repetição de erros do passado, agora sob uma nova roupagem. O discurso do progresso não pode ser usado como escudo para crimes ambientais”, afirma um do ambientalista que não quis se identificar.
Moradores relatam ainda que há falta de transparência nos processos de licenciamento e que nenhuma audiência pública foi realizada. “Tudo é decidido de cima para baixo. O povo é informado quando a máquina já está derrubando árvore”, desabafa um morador da região.
O jornal Folha de Brumadinho procurou a prefeitura para falar sobre a denúncia. Em nota, o órgão informou que já acionou a empreiteira responsável pelo trabalho e a situação no local será apurada. Caso seja constatada qualquer obstrução ou dano ambiental, serão tomadas as providências necessárias, incluindo a limpeza imediata da área afetada.