Pré-conferências de Saúde em Brumadinho sofrem com baixa participação popular por falhas na divulgação

A falta de divulgação adequada, pela prefeitura, das agendas das pré-conferências de Saúde de Brumadinho, que acontecem nas comunidades do município, causa um esvaziamento das reuniões e coloca em xeque, a ampla participação popular. Em algumas comunidades, a falta de quórum está provocando o cancelamento dos encontros e pedido de remarcação.
A pré-conferência municipal de saúde é uma etapa preparatória importante, em que se escolhe os delegados, representando cada localidade, para a conferência municipal e assim formar o Conselho Municipal de Saúde. Organizações e lideranças locais ouvidas pela nossa reportagem apontam a falta de divulgação adequada como o principal fator para a baixa participação popular.
Na noite dessa quinta-feira, 26, pelo menos 4 encontros estavam marcados: em Piedade do Paraopeba, Marques, Palhano e Suzana. Alguns moradores dessas comunidades disseram que só ficaram sabendo horas antes da reunião. Muitos outros nem tomaram conhecimento. Em Marques, por exemplo, apenas uma pessoa compareceu à unidade de saúde. Em registro de ata, foi solicitada uma nova reunião na comunidade.
Em Piedade do Paraopeba também houve baixa participação dos moradores, que também questionaram problemas de comunicação sobre a reunião.
O jornal Folha de Brumadinho conversou com algumas pessoas que não quiseram se identificar e elas relatam que a desmobilização comunitária estaria sendo proposital, já que o Conselho Municipal de Saúde tem o poder deliberativo, ou seja, ele pode decidir os rumos das políticas de saúde pública do município. Entre suas ações estão, por exemplo, autorizar ou não, gastos e os investimentos
Recentemente, a atual gestão vem sendo questionada sobre a aplicação dos recursos vultuosos que estão sendo enviados especificamente para a saúde de Brumadinho, pós tragédia da Vale, além da qualidade nos atendimentos e sobre o processo de terceirização dos serviços do laboratório municipal.
A falta de uma atuação popular democrática pode deslegitimar as ações do poder público e causar sérios danos à saúde coletiva. Sem reconhecimento popular, o processo se torna meramente formal e pode alimentar descrédito no SUS local.
Procurada, a prefeitura ainda não se pronunciou sobre os problemas com a divulgação e a baixa participação popular nos encontros.