Crise política na Câmara? votação do veto sinaliza desgaste do Executivo
Por Lícia Caldeira
O clima político em Brumadinho atingiu um ponto de ebulição após a votação do Veto Total nº 66/2025, imposto pelo Executivo à Proposição de Lei nº 126/2025. O veto, que buscava derrubar o projeto de lei de autoria da própria Mesa Diretora (Presidente e Secretário) que obrigava a instalação de códigos QR nas placas de obras públicas para leitura e fiscalização eletrônica, foi mantido. No entanto, o resultado da votação — 4 votos contrários à manutenção e 4 abstenções — é interpretado como um sinal claro e grave de que o Executivo Municipal está perdendo o controle e a maioria na Câmara.
Votos Abertos e Ruptura na Base
A votação expôs a fragilidade da base governista. A soma de 8 vereadores que não apoiaram a manutenção do veto (4 contrários + 4 abstenções), somada às ausências dos vereadores Ninho e Ivam, é o principal indicador de que o Executivo Municipal já não “tem mais a Câmara em sua mão”.
O placar nominal registrou:
| Posição | Vereadores |
| Votos Contra o Veto (Derrubar o Veto) | Itamar, Civoney, Gama e Márcio Guru |
| Votos a Favor do Veto (Manter o Veto) | Max Barrão e Valcir Rambinho |
| Abstenções | Daniel Crentinho, Vanderlei Xodó, Vanilson Geada e Adriano Diniz |
| Ausências | Ninho e Ivam |
A defesa do veto foi concentrada na figura do vereador Max Barrão, que votou a favor de sua manutenção. Barrão, que é o atual vice-presidente da Câmara e presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) — a mais importante e poderosa comissão da Casa — conferiu um peso institucional à defesa da decisão do prefeito.
O Presidente da Casa Lidera as Críticas
A sessão foi marcada por um forte embate, com críticas direcionadas ao modo como o prefeito e seu Secretário de Governo têm tentado ditar as decisões do Legislativo.
O Presidente da Câmara, Juca Dornas, foi veemente ao criticar a forma como o Executivo tenta “mandar na Câmara Municipal”. Dornas também criticou a disparidade de tratamento dada aos projetos: os do Executivo chegam ao plenário “de uma hora pra outra”, sem tempo hábil para análise, ao passo que projetos dos vereadores enfrentam rigorosa exigência de estudo de impacto orçamentário, o que não ocorre com as propostas vindas da Prefeitura.
O vereador Daniel Crentinho, por sua vez, justificou a sua abstenção na votação citando insegurança jurídica. Ele destacou que frequentemente se depara com pareceres conflitantes, onde a assessoria jurídica da Câmara fala uma coisa e a assessoria jurídica da Prefeitura defende outra, levando-o a não endossar nenhuma das posições.
Apesar da manutenção formal do veto, a votação e as críticas públicas sinalizam uma forte crise política, marcando o início de um período de maior autonomia do Legislativo e de resistência às pautas do Executivo.
Foto: Câmara Municipal de Brumadinho
confira no link abaixo, imagens de parte da reunião ordinária, ocorrida nessa quinta-feira, 23, na Câmara Municipal de Brumadinho:
https://www.instagram.com/reel/DQM4_cjEf6v/?igsh=MTNneTZxOTl6d2ZrNw==
