Cia Circunstância fecha turnê de “Circo de Família” 

Espetáculo acontece gratuitamente no sábado (5), em Piedade do Paraopeba, e no domingo (6), na Comunidade dos Marques; 

A Cia Circunstância encerra neste fim de semana o projeto “Circo de Família de Rolê”, que marca o retorno gradual das atividades presenciais da trupe. A circulação acaba em Brumadinho, onde serão realizadas apresentações em dois distritos, em dias diferentes, no horário das 19h: na sexta-feira, 5 de novembro, em Piedade do Paraopeba, em frente à Igreja Matriz; no sábado, 6, na Comunidade dos Marques, em frente à Igreja Nossa Senhora da Conceição. 

Viabilizada pelo Prêmio Funarte de Apoio a Espetáculos Circenses 2020, a circulação começou no dia 17 de setembro, no povoado de Lapinha da Serra, em Santana do Riacho, onde foram feitas aulas gratuitas de malabares e perna-de-pau durante três dias. Depois, foi a vez de Belo Horizonte, que recebeu o espetáculo no dia 10 de outubro, na Praça México, no Bairro Concórdia. 

Espetáculo que se debruça sobre a estrutura familiar circense, “Circo de Família” foi inicialmente pensado para ser apresentado ao ar livre e, por isso, também sofreu impactos da pandemia da Covid-19. A estreia em ruas e praças, em 2020, teve que ser abreviada em função do isolamento social, obrigando a Cia Circunstância a criar adaptações para o online e a realizar lives durante o ano e nesses meses de 2021. Neste sentido, surgiu a versão adaptada de “Circo de Família” para o ambiente virtual, viabilizada pela Lei Aldir Blanc de Emergência Cultural, que foi apresentada ao vivo, pelo YouTube, no dia 10 de outubro.

“Circo de Família” surgiu da necessidade de registrar, de forma artística, a história das novas configurações familiares do chamado circo contemporâneo. As experimentações começaram em 2017, quando a Cia Circunstância ocupou a Praça da Assembleia durante todo o ano, “passando o chapéu” e criando números que viriam a formatar a peça. Em 2019, a companhia foi contemplada pela Lei Municipal de Incentivo à Cultura e entrou para a sala de ensaio, a fim de realizar a montagem. Foram convidados para a direção os amigos e palhaços Adriana Morales e Tiago Mafra, do Grupo Trampulim. O projeto teve assessoria artística do palhaço, diretor e bailarino pernambucano Ronaldo Aguiar, e passou por residências artísticas junto às famílias circenses da Cia Boca do Lixo (GO) e da Cia 1péde2 (RS/SP).

O espetáculo, então, se estruturou como um show de variedades com o casal de palhaços Tica-tica do Fubá (Dagmar Bedê), Alegria Também (Diogo Dias) e, espontânea e voluntariamente o filhote Pirueta Ravioli (Ravi Dias Bedê), de apenas cinco anos. O trio monta um pequeno circo a céu aberto e o improviso dita a cena com números de malabarismo, ilusionismo, acrobacia e muita bobagem. “No princípio, éramos somente nós, o público e a praça. Selecionamos os números que gostaríamos e fomos nos adaptando, tendo em cena também nosso filho, que interagia de acordo com a vontade dele. Quando entramos para a sala de ensaio, nosso foco se voltou para a criação da dramaturgia. Fomos entender qual história a gente queria contar com o espetáculo”, relembra Dagmar Bedê.

Com a chegada abrupta da pandemia, a necessidade da adaptação para as telas pegou a trupe de surpresa – mas nem por isso freou suas atividades. A Cia Circunstância fez seus malabarismos e realizou, em abril deste ano, a “Mostra Tudo em Família”, em formato totalmente digital. O evento, focado nas novas configurações familiares circenses, contou com uma série de espetáculos de trupes e companhias de diversas regiões do Brasil. “Trabalhar nesse formato digital nunca foi nossa intenção, mas nos vimos obrigados a abrir o olhar para as possibilidades do teatro virtual, para as lives e salas de conferência. A ‘Mostra Tudo em Família’ já era um desejo de antes, que veio à tona a partir das experiências que tivemos com o ‘Circo de Família’. Foi numa convenção brasileira de malabarismo, em Goiânia, que conhecemos a Cia Boca do Lixo e percebemos a importância de abordar de forma ampla as diferentes estruturas familiares do circo contemporâneo”, diz Diogo Dias.

A trupe de volta à rua

Dagmar Bedê afirma que a primeira apresentação, na Lapinha da Serra, foi especial. “Estava marcado para quinta-feira, mas um senhor importante da comunidade faleceu e, em respeito a ele, fizemos na sexta. Foi muito especial. Tinha muita gente, todo mundo atento. Oferecemos máscaras antes da apresentação”, conta. “Fizemos três dias de malabares e perna de pau na praça, antes. Isso foi muito legal, porque criamos uma relação com a meninada da cidade. No dia do espetáculo, a gente já os conhecia, já conhecia as famílias. É um público que não está acostumado com esse tipo de trabalho, e que se envolve muito”, completa Diogo Dias.

O afeto foi justamente o que norteou a escolha das cidades e locais da circulação. “Vamos muito à Lapinha e, sempre que visitamos o povoado, sentimos esse desejo de fazer algo na pracinha. Já Brumadinho eu frequento desde a infância. Fiz apresentações, com outros espetáculos, em eventos da família”, conta. “A Praça México, em BH, também é um lugar especial. A gente morava no Concórdia e, no começo da pandemia, levávamos o Ravi para lá, nas poucas fugidas para distraí-lo. Tem brinquedos, um palquinho e um grupo de capoeira que treina lá duas vezes por semana. Ele adora”, completa Dias, ressaltando que o grupo segue tendo como carro-chefe o encontro presencial, ainda que apresente no domingo mais uma live de “Circo de Família”, no YouTube da Cia Circunstância, viabilizada pela Lei Aldir Blanc.