Biofábrica vai ajudar no combate à dengue, zika e chikunguya

Realizada pela Vale, obra faz parte do acordo de Reparação pelo rompimento da barragem B1, em Brumadinho

As obras de construção da biofábrica, em Belo Horizonte, seguem em ritmo avançado, e a expectativa é que sejam concluídas no final do primeiro semestre de 2024. No local, serão produzidos, pelo Método Wolbachia, mosquitos para o controle das arboviroses, como a dengue, zika, chikungunya e febre amarela urbana, em Brumadinho e outros 21 municípios da Bacia do Rio Paraopeba, impactados pelo rompimento da barragem em 2019.

Na última segunda-feira (13/11), o secretário de Estado da Saúde, Fábio Baccheretti, visitou as obras. A construção da biofábrica é de responsabilidade da Vale, e é um dos projetos previstos no Acordo de Reparação Integral, celebrado em 2021, entre a empresa, Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais e Ministérios Públicos Federal e do Estado de Minas Gerais. Após a conclusão da obra, as instalações serão repassadas à Secretaria de Estado da Saúde. O acordo garante ainda o custeio operacional do projeto durante cinco anos.

“É uma estratégia muito interessante a longo e médio prazo. Precisamos de novas tecnologias como essa, e inicialmente vamos usar nos 22 municípios da Bacia do Paraopeba, mas Minas Gerais quer expandir para todos os 853 municípios, para onde houver indicação de uso desse mosquito”, afirmou o secretário. Ele explicou ainda que há interesse do governo federal em usar a tecnologia da biofábrica para outros estados brasileiros.

Produção
A obra está sendo realizada em um terreno de 4 mil m2, no bairro Gameleira, e terá uma área construída de 1,1 mil m2, onde serão instalados os laboratórios e setor administrativo.

A biofábrica vai produzir mosquitos com a bactéria Wolbachia, que serão soltos no ambiente para se reproduzirem com os Aedes aegypti locais.  A Wolbachia é um microrganismo intracelular presente em 60% dos insetos da natureza, mas que não estava presente no Aedes aegypti. Ela impede que os vírus como o da dengue, zika, chikungunya e febre amarela se desenvolvam dentro do mosquito. Assim os insetos deixam de ser vetores de transmissão, o que contribui para redução destas doenças.

“Para nós, da Vale, participar desse projeto traz grande motivação, porque é uma metodologia inovadora, eficaz, segura e sustentável, temas que muito nos interessam. E o mais importante é que os resultados do método Wolbachia comprovam um ganho relevante para a população, com uma redução significativa nos casos das arboviroses”, explica Nádia Ladendorff, epidemiologista da empresa. 

Obra da Biofábrica, no bairro Gameleira, em Belo Horizonte
Crédito: Divulgação Vale

Wolbachia
O método é uma iniciativa do World Mosquito Program (WMP), conduzida no Brasil pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e tem eficácia comprovada. Dados divulgados em 2021, apontam redução de cerca de 70% dos casos de dengue, 60% de chikungunya e 40% de zika nas áreas onde houve a intervenção entomológica no município de Niterói (RJ), onde o método foi implementado desde 2015. Esses números estão publicados em artigo científico e corroboram os dados do World Mosquito Program em outros países, como na Indonésia, onde houve redução de 77% dos casos e 86% das hospitalizações.