Tragédia-crime da Vale: O lucro dos governos

Opinião

jornalista e editor-chefe Marcos Amorim

O crime da Vale já completou 2 anos, e até agora ninguém punido, ninguém preso, mas os cofres públicos nunca viu tanto dinheiro. Haja vista o município de Brumadinho, que viu sua arrecadação saltar de uma média de 160 milhões ao ano, para uma média de 315 milhões/ano, pós tragédia (2019 e 2020), e com previsão para 2021, de 422 milhões de reais, de acordo com a Lei 2.567 de 11/12/2020, a LOA – Lei Orçamentária Anual. Dinheiro jamais visto na história do município. Tudo isso em meio a maior crise financeira planetária, em virtude da pandemia.

Agora, estamos assistindo a maior negociação da história do Estado de Minas Gerais, envolvendo bilhões de reais, uma cifra inimaginável para os moradores das cidades atingidas pela lama criminosa. O Estado aproveita do crime, do sangue de centenas de pessoas, para garantir obras de infraestrutura e serviços, os quais deveriam ser feitos com os recursos públicos, oriundos dos bilhões e bilhões que pagamos em impostos. Mas, este mesmo Estado, que se diz falido, é o Estado que mantém os privilégios de políticos e seus agregados.

As tragédias envolvendo a mineração nos últimos anos em Minas Gerais, que condicionou o Estado a triste marca, com as maiores tragédias humana e ambiental do mundo, parece ter alguns sentidos. O crime vale a pena para os governos. Talvez seja por isso, que a mineração continua matando, destruindo e ditando as regras do jogo.

As negociações sem a participação dos atingidos pelo rompimento da barragem, só prova que Estado, instituições de Justiça e a Vale fazem o que quer e não dão ouvidos a ninguém. Não respeitam a constituição, não respeitam a história das pessoas e muito menos a dor das famílias atingidas por esse crime.

Enquanto grande parte da população é alienada por migalhas e se cala, eles correm com a aprovação de inúmeros novos projetos gananciosos, criando novamente a fábrica da morte.

Muito se fala na empresa Vale criminosa, assassina. Mas, quem é realmente a Vale? Na concepção jurídica, do direito comercial, atividade empresarial, ou empresa, é uma atividade econômica exercida profissionalmente pelo empresário por meio da articulação dos fatores produtivos para a produção ou circulação de bens ou de serviços.

Mas quem está por trás disso? A vale nada mais é, que um CNPJ, que por trás, existem muitos e muitos CPFs. CPFs esses que são na realidade, pessoas. Pessoas que são acionistas e diretores. Pessoas que estão dispostas a tudo, e ou aceitam tudo, em troca de milhões ou até muito menos que isso.

Até quando aceitar isso?

Foto: Avabrum