Primeira etapa da restauração da igreja de Piedade apresenta problemas

A tão sonhada restauração da igreja de Nossa Senhora da Piedade, em Piedade do Paraopeba começa a preocupar moradores e fieis, antes mesmo de terminar. Quem passada pelo local fica ansioso em ver logo o templo reaberto para visitas e celebrações. Mas, a obra está paralisada há mais de 8 meses. Apesar de ter sido finalizada a primeira etapa, já é possível ver uma série de problemas na restauração do templo.


Entre as irregularidades vistas na igreja, estão: uso de material inadequado e mudanças no projeto original. O plano previa a retirada das lajes nas laterais da igreja, o que não foi feita. A retirada da lojinha ao lado, o que também ainda não ocorreu, além de desalinhamento do telhado, embocamento irregular, totalmente torto e com cacos de telhas nas comunheiras, falta de componentes importantes do conjunto arquitetônico, conhecido como peitos de pombo e uso inadequado de materiais, como pedaços de rufos, que já estão com peças soltas e tortas na beira do telhado.


A primeira etapa da restauração da igreja custou aos cofres públicos mais de R$ 469 mil reais. Os recursos são do Fundo Municipal de Patrimônio. A empresa que venceu a licitação é a A 3 Ateliê. O projeto foi feito pela Escola de Arquitetura da UFMG e entregue em de 2014. Mas, a licitação da obra da primeira etapa ocorreu somente 4 anos depois, em meio a morosidade e erros em editais. A obra só iniciou depois de muitas manifestações de ‘Abraço a Matriz’ e denúncias no Ministério Público.


O projeto original contempla a restauração completa da igreja, desde sua estrutura física até a recuperação dos elementos artísticos e sacros. Durante a apresentação do projeto à comunidade, em 2014, o professor da Escola de Arquitetura da UFMG, Flávio Carsalade, que coordenou os trabalhos de elaboração dos estudos, ressaltou a importância de seguir à risca o projeto, em sua forma original, para que o conjunto arquitetônico possa ser inserido no processo de tombamento a nível estadual e federal, já que Piedade do Paraopeba é considerado o terceiro povoado mais antigo de Minas Gerais.


A obra
Tombada pelo Patrimônio Municipal, as obras de restauração da 1ª etapa iniciaram em agosto de 2018 e encerrou em novembro do ano passado, 3 meses depois do previsto. A primeira etapa da obra inclui o estaqueamento de toda a estrutura da igreja, inclusive as torres, sistema de drenagem, demolição e reconstrução do coro, demolições de anexos construídos no início dos anos 2000, como banheiros e uma lojinha, além da troca do telhado para acabar com as infiltrações no templo.


A segunda etapa da obra será feita através de uma contrapartida com a Vallourec, que explora minério na região. De acordo com as informações obtidas, a empresa doará 1 milhão de reais para a obra e já teria repassados cerca de 500 mil reais para o custeio dessa segunda etapa. De acordo com a Arquidiocese, esse dinheiro estaria sendo repassados para uma entidade chamada AMAS. A igreja não explicou como será feita a administração desses recursos e quem serão os responsáveis. Mas, disse que cobrou da Prefeitura toda a documentação dessa entidade, para verificar se ela está com a documentação em dia.
De acordo com o projeto original, a restauração completa da igreja está orçada em mais de 3 milhões de reais. A maior parte desses recursos virão da inciativa privada.


O que dizem os envolvidos
A reportagem da Folha de Brumadinho procurou os responsáveis pela execução da obra e a Arquidiocese de Belo Horizonte, dona do templo. Em nota, a Arquidiocese, disse que enviou há meses um ofício à Prefeitura de Brumadinho, com uma série de recomendações de alterações e correções da obra, o que ainda não ocorreu. A Arquidiocese declarou ainda que voltou a cobrar na semana passada providências sobre as reparações na igreja.


Já a Prefeitura declarou por meio de nota, que de fato houve um questionamento por parte da Arquidiocese e que foram feitas as verificações na obra, mas que essas correções poderão ser feitas ainda nas próximas etapas da restauração.


A 3 Ateliê, empresa responsável pela execução da obra, respondeu que muitas das observações pontuadas, como por exemplo, o uso de pedaços de rufos, foram colocados provisoriamente e que a finalização dos acabamentos serão feitas na segunda etapa, colocando as proteções definitivas. A empresa disse ainda que as telhas foram colocadas de forma irregular, sem o alinhamento, para dar características de originalidade na edificação.