Trabalhadores da educação decidem entrar em greve sanitária

Os profissionais temem pela volta às aulas presenciais, em meio a pandemia

A volta às aulas, programada para o próximo dia 18 de fevereiro, em Brumadinho, mesmo com a pandemia, está causando apreensão entre pais, alunos e funcionários da educação. Uma assembleia realizada agora a pouco, entre os trabalhadores da educação, confirmou o estado de greve sanitária, a partir da próxima quinta-feira. De acordo com o Sind Ute-MG – Subsede Brumadinho, o sindicato irá entrar com um mandado de segurança contra o retorno presencial das aulas.

Essa semana, o Sindicato encaminhou uma carta aberta ao prefeito Nenen da Asa, pedindo o não retorno das aulas. No documento, o sindicato questionou o início das atividades escolares, em meio ao aumento expressivo no número de casos da covid-19, nas últimas semanas, inclusive de servidores da educação, que teriam sido contaminados ao participarem de reuniões presenciais, em preparação à reabertura das escolas. Vários profissionais foram diagnosticados com a doença.

“A situação é cada vez mais preocupante. O nível de contaminação está alto em relação ao número de habitantes. Em Minas, o número de mortes é alarmante. Desses, nos últimos dias, 24 crianças. Cresce o número de sequelas graves em crianças e adultos. Nossas escolas não comportam o cumprimento do distanciamento recomendado. Não temos sanitários suficientes e adequados, alunos precisarão de tempo para uso individualizado. Não temos sala de professores ou cantinas e refeitórios para cumprir de forma adequada as orientações da OMS”, descreve o texto encaminhado às autoridades.

Brumadinho tem mais de 6 mil alunos matriculados na rede municipal de ensino. De acordo com o que foi divulgado pela Secretaria Municipal de Educação, as atividades presenciais serão realizadas com a metade dos alunos a cada dia, alternando entre dias pares e ímpares.

Durante a assembleia, os trabalhadores também decidiram tomar medidas judiciais para anular a Lei 173 que congela o tempo pra fins de progressões de carreira e para que a prefeitura faça concurso público para a categoria, conforme o TAC assinado com o Ministério Público Estadual em 2009.

O jornal Folha de Brumadinho procurou a prefeitura para comentar sobre os questionamentos do sindicato e a greve os trabalhadores da educação. Em nota, a prefeitura informou que a decisão foi tomada em conjunto com a Secretaria Municipal de Saúde, uma vez que o quadro epidemiológico do município é considerado estável pelas autoridades sanitárias. O órgão esclareceu ainda, que todas as informações sobre a situação da pandemia, em Brumadinho, está sendo frequentemente comunicada ao Ministério Público.