Batalha política na Câmara continua, nova eleição é realizada, mas contestada

O embate político teve início em julho, quando foi realizada a primeira eleição, que manteve o vereador Daniel Hilário presidente da casa

A disputa pela mesa diretora da Câmara Municipal de Brumadinho teve novo capítulo nesta segunda-feira, 19. Uma nova eleição foi realizada para eleger o presidente, o vice e secretário da mesa diretora para o biênio 2023/2024. Ricardo Nunes, conhecido como Ricardo da Tejucana, do PSL, foi eleito o novo presidente da casa, além do vice-presidente, Valcir Martins, o Rambinho, do PV, e Alessandra do Brumado, do Cidadania, como secretária. A eleição de hoje teria sido realizada por determinação judicial proferida na última sexta-feira, 16, pelo Juiz Carlos Pereira Gomes Junior, da 1ª Vara Cível, Criminal e da Infância e da Juventude da Comarca de Brumadinho.

Mas, o diretor da Câmara Municipal, Dr. Cláudio Teixeira contestou a eleição de hoje. Em entrevista ao Jornal Folha de Brumadinho, ele disse que a reunião foi totalmente ilegal e não respeitou a Lei Orgânica do Município e nem mesmo o Regimento Interno da casa. “O processo possui uma série de erros de convocação da reunião, principalmente erros primários regimentais. O vice-presidente da Casa não tem a competência devida, uma vez que o atual presidente, o vereador Daniel Hilário, não está ausente e não há nenhum impedimento no exercício do seu mandato. A reunião para eleição da mesa diretora não pode ser extraordinária, conforme foi convocada hoje. É uma reunião solene e deveria ocorrer até no máximo dia 15 de julho”, explicou.

Outro fator apontado pelo diretor é que nem a Câmara de Brumadinho e nem mesmo o atual presidente foram notificados sobre uma suposta decisão judicial que circula pela cidade, de que uma nova eleição deveria ser realizada em um prazo de 24 horas. “Nós não fomos comunicados ou intimados oficialmente pela justiça. Portanto, não é de conhecimento nosso essa sentença judicial. Além disso, é no mínimo estranha a convocação desta eleição hoje, um dia após o presidente da Câmara ter feito uma representação contra um vereador e imediatamente, na noite de ontem, 18, sofrido uma tentativa de assassinato. O que aconteceu nesta segunda-feira foi um verdadeiro teatro e nós vamos acionar a justiça para garantia do processo democrático”, afirmou.

O jornal Folha de Brumadinho conversou também com a Secretária eleita para a mesa diretora, a vereadora Alessandra Oliveira, do Cidadania. Ela disse que houve sim uma decisão judicial, mas que o vereador Daniel recusou assinar o recebimento do documento e que a eleição obedeceu as normas da Câmara. “Conforme manda o regimento, cinco vereadores assinaram a solicitação da reunião para hoje, o que foi feito. Se há algum questionamento, ele deve ser feito. Se ocorreu algo contra a lei, que se faça nos termos da justiça, da mesma forma que fizeram com o ocorrido na outra eleição e a justiça interferiu. O que a gente espera é que a Câmara tenha mais paz, que parem com essa vaidade, que possamos trabalhar dentro das diferenças e com segurança, e que acima de tudo permaneça o respeito entre todos os vereadores. Ressaltou.

A votação contou com a presença de dez vereadores, sendo eles: Gabriel Parreiras, do PTB; Jhon Roberto, do PSB; Ricardo da Tejucana, Alessandra do Brumado, do Cidadania; Ninho, do PSL; Daniel Crentinho, do PSB; Edna Lúcia Teixeira, do Cidadania Valcir Martins, o Rambinho e Vanderlei Rosa de Castro, o Xodó, ambos do PV e Max Barrão, do MDB. Apenas o vereador Gabriel Parreiras votou nele mesmo, nas 3 votações, para concorrer aos 3 cargos. Os vereadores Daniel do Brumado, Guilherme Morais e Ivan Egg não participaram da votação.

Histórico

O embate político teve início em julho deste ano, quando no dia 11, foi realizada a primeira eleição, que reelegeu o atual presidente da casa, o vereador Daniel Hilário, do Avante, além do vice-presidente, o vereador Guilherme Morais, do PV e a secretária da mesa diretora, Alessandra do Brumado, do Cidadania.

Na época, a votação ficou empatada nos primeiro e 2° turnos e foi usado o critério de desempate, de acordo com o Regimento da casa, considerando o candidato que obteve mais votos na eleição para vereador em 2020. Ricardo da Tejucana era o candidato de oposição a Daniel Hilário e apoiado pelo prefeito Nenen da Asa, do PV.

A votação foi contestada judicialmente pelos vereadores Valcir Martins, o Rambinho e Vanderlei Rosa de Castro, o Xodó, ambos do PV. Durante a sessão, houve a leitura de duas cartas de renúncia dos dois vereadores. Os documentos teriam sido protocolados na sexta-feira, 8 de julho, 3 dias antes do pleito. Eles negaram o teor das cartas e disseram que não teriam renunciado a seus cargos. Os vereadores citados relataram que foram vítimas de documentação falsa e o caso foi parar na justiça.