Abraço a Serra da Moeda é cancelado pelo 2° ano consecutivo

O ato simbólico completa 14 anos e ações visam proteger um dos mais importantes sistemas hídricos da grande BH

Há pelo menos 14 anos, ambientalistas e moradores de Brumadinho e região lutam pela proteção da Serra da Moeda, uma das mais importantes cadeias montanhosas, considerada a caixa d’água para o abastecimento da Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Todo dia 21 de abril, dia de Tiradentes, um abraço simbólico era realizado no alto da serra, no Topo do Mundo, na divisa entre Brumadinho e Nova Lima. Pelo segundo ano consecutivo o ato teve que ser cancelado, em virtude da pandemia do coronavírus.

Apesar do cancelamento do abraço simbólico, que estaria em sua 14ª edição, a advogada ambientalista da ONG Abrace a Serra da Moeda, Beatriz Vignolo, ressalta que as ações da entidade não se limitam ao 21 de abril. “Apesar dos momentos difíceis que todos estamos vivenciando, a ONG continua seu trabalho criticando os relatórios elaborados pelos empreendimentos instalados na costa leste da serra, que ameaçam as principais nascentes responsáveis pelo abastecimento dos condomínios e das várias comunidades no Vale do Paraopeba”, afirma Beatriz.

Principais ameaças à Serra da Moeda

Técnicos da ONG elaboraram, recentemente, uma análise crítica que aponta várias inconsistências existentes no estudo hidrogeológico contratado pela Centralidade Sul, o Csul Lagoa dos Ingleses, megaempreendimento para 200 mil pessoas a ser instalado em Nova Lima que, segundo a Abrace a Serra demandará mais de 2.300.000m3 de água por mês, o que pode colocar em risco o abastecimento da Grande BH. Este documento foi protocolado na Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD) e, em breve, será anexado à ACP (Ação Civil Pública) que tramita em Brumadinho.

Recentemente, a ONG Abrace a Serra impetrou também uma ACP na Justiça Federal, com pedido de liminar, cujo objetivo é cancelar a licença ambiental obtida pela Ferrous/Vale, para reprocessamento de seis pilhas de estéril existentes na mina Serrinha, localizada no distrito de Piedade do Paraopeba.

Outro empreendimento empresarial que preocupa os ambientalistas, é a fábrica da Coca-Cola FEMSA, instalada em Itabirito, ao lado da serra. A ONG protocolou no Ministério Público Estadual, em Itabirito, uma análise crítica aos relatórios hidrogeológicos contratados pela Coca-Cola FEMSA, que segundo a entidade, vem reduzindo drasticamente a vazão de nascentes da região. “Esperamos que, com a vacinação em curso, no próximo ano, possamos retornar de maneira ainda mais forte a realização do Abrace a Serra da Moeda, que tem como principal objetivo chamar atenção das autoridades e moradores da região para a importância da preservação desta importante cadeia montanhosa, considerada a caixa d’água fundamental para toda grande BH”, finaliza Beatriz.

Todas as ações da ONG podem ser acompanhadas pelas redes sociais @abraceaserra.