Tecnologia de reflorestamento e a COP26

Técnica inédita no mundo, aplicada em Brumadinho, pode contribuir para desacelerar o aquecimento global

Artigo

Por Gleison Santos – professor Universidade Federal de Viçosa e Raul Firmino – Analista Ambiental Vale 

Uma tecnologia inédita utilizada para acelerar o processo de restauração florestal em Brumadinho (MG), como forma de reparar os impactos causados pelo rompimento da barragem B1, da Mina do Córrego do Feijão, poderá contribuir para desacelerar o aquecimento global em todo o planeta. Mudas de espécies nativas, que poderiam levar mais de oito anos para florescer, iniciam esse processo entre seis e doze meses, propagando suas sementes e consequentemente novas mudas, o que acelera a reflorestamento de áreas degradadas.

O aquecimento global estará em pauta durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26), que está sendo realizada até o dia 12/11 em Glasgow, na Escócia. O encontro é uma oportunidade para que os países tornem mais ambiciosas suas metas ambientais até 2030, data considerada como decisiva para que se consiga limitar o aquecimento global em 1,5ºC, nível indicado como “desejável” pelo Acordo de Paris.

Esse método utilizado para recuperar a biodiversidade em Brumadinho nunca havia sido praticado no mundo e foi considerado por especialistas como um marco para a conservação genética de plantas e a recuperação de espécies em extinção, podendo ajudar a acelerar o reflorestamento e o plantio de árvores nativas ao redor do mundo.

Desenvolvida pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), a Sociedade de Investigações Florestais (SIF) e a Vale, a tecnologia pioneira foi batizada como “Resgate de DNA e indução de florescimento precoce em espécies florestais nativas”. 

Por meio dela, algumas mudas que poderiam levar mais de oito anos para florescer, frutificar e gerar sementes iniciam esse processo entre seis e doze meses, o que contribui efetivamente para acelerar a recuperação da biodiversidade. A aceleração é possível por meio da coleta de DNA de árvores nativas como jacarandá caviúna, ipê amarelo, braúna e jequitibá. Já no laboratório, os ramos coletados passam por um procedimento de enxertia para se tornarem capazes de reproduzir exatamente o material genético de outras plantas a partir de pequenas porções.

Ao crescerem, as árvores possuem papel fundamental na purificação e na umidade do ar, uma vez que agem como sequestradoras de dióxido de carbono (CO2), capturando esses gases e devolvendo o oxigênio para a atmosfera. Além disso, elas também auxiliam na diminuição da temperatura localmente, o que contribui diretamente para a desaceleração do aquecimento global.

Assim, o método criado em Minas Gerais pode ser utilizado na esfera mundial e contribuir com resultados importantes para apoiar as metas que serão definidas em Glasgow. Em uma esfera global, essa pode ser mais uma das ferramentas aplicadas para reduzir o aquecimento e proteger o planeta.