As redes sociais e as pessoas reais

Todos nós somos eternos aprendizes, temos defeitos, qualidades, tristezas e alegrias

Por João Relâmpago

Queridos leitores, meu caloroso abraço! Antes de iniciarmos este artigo quero agradecer, imensamente e do fundo do meu coração, pelas diversas mensagens de carinho que esta coluna tem recebido. O incentivo de vocês é o combustível para que sigamos juntos e, sobretudo, sempre tentando entregar aos queridos leitores deste espaço o melhor conteúdo possível. Criado em 19 de janeiro de 2004, pelo engenheiro turco Orkut Büyükkokten, o Orkut, que levou o nome de seu criador, foi a primeira rede social mundial e, só no Brasil, chegou a marca expressiva de 29 milhões de adeptos.

Depois do Orkut, surgiram o Facebook, o Twitter, o Instagram, o Snapchat e, mais recentemente, o TikTok, criado em 2014, que já conta, somente em nosso país, com mais de 73,5 milhões de usuários.
Contudo, estes são tão somente dados técnicos e numéricos e o que, verdadeiramente, quero abordar e criar uma reflexão com todos, é o que mudou de 2004 para cá, em virtude do advento desta nova onda.

E quando o tema me vem à mente uma pergunta norteia os meus pensamentos, o que torna o tema ainda mais instigante. Será que os usuários destes aplicativos são reais? Quantos deles se escondem por trás destas redes porque não conseguem expressar os seus sentimentos, os medos, os conflitos, as memórias afetivas, os traumas e, sobretudo, o frágil ser humano que habita dentro de cada um de nós.

Ao mesmo tempo em que as redes nos aproximam de amigos que perdemos o contato há anos no jardim de infância, no colégio, na infância, no primeiro emprego, posso afirmar com tristeza que, desde o lançamento do extinto Orkut e de todos os outros que pegaram carona nesta mesma seara, os corações estão cada vez mais distante.
Sinto muita falta do calor humano, do abraço, do beijo, do cafezinho com broa de fubá, dos encontros reais e das longas conversas olho no olho e com os celulares desligados.

Tornou-se praticamente impossível identificarmos o que é real e o que é tão somente uma bela capa de um livro com páginas em branco que, encontra nestes aplicativos, uma oportunidade de enganar a si próprio e se mostrar de uma forma que ele gostaria de ser e, neste ambiente tão fantasioso e de pura ostensão, é bem possível que confundamos e estejamos reféns da interpretação daquilo que seja realidade com o que é mera ficção.

E o pior disto tudo é que, a nossa juventude que anda tão alienada, perdida e sem a noção do quão tem que estar atenda ao que se passa no mundo, agora está ainda mais confusa porque também quer ser um personagem de sucesso, de beleza, com dentes clareados, roupas de marca, carros importados, fotos maravilhosas, relacionamentos perfeitos e uma vida que só tem alegria, festas badaladas, álcool e muito prazer e diversão. Mas a nossa missão, enquanto cidadãos, pais, filhos, patriotas e partícipes da sociedade é bem mais complexa e ouso dizer até mais atrativa do que estas ilusões e desta falsa narrativa que as redes sociais apresentam.

Posso garantir a todos que ninguém é feliz o tempo todo, nenhum ser humano está sorrindo 24 horas por dia, não há relacionamento e muito menos uma vida perfeita, tal qual é apresentado pelas redes sociais. Todos nós somos eternos aprendizes, temos defeitos, qualidades, tristezas e alegrias, acordamos de mau humor, sentimos dor, e estamos no mesmo processo evolutivo de sermos eternos aprendizes.

Jamais podemos nos deixar cair na falsa expectativa de que temos que ser perfeitos, ricos, poderosos e que temos que dar conta de tudo e estarmos sempre tal qual o modelo apresentado pelos personagens que assim se apresentam

No fim das contas e quando deitamos a cabeça no travesseiro, percebemos que tudo isto não passa de uma grande brincadeira, que ser quem a gente é já dá um trabalho danado e que a vida vai nos mostrando o que nós mesmos vamos criando com o nosso poder de crer. Que jamais percamos o sagrado direito de chorar e de borrar a maquilagem! Até a próxima!

Acesse as redes sociais do colunista João Relâmpago: Instagram @joaorelampagooficial